quinta-feira, 23 de junho de 2016

Dia 50 - O Pedrouzo - Santiago de Compostela - 20km

Saímos 6:00hs do albergue e ainda estava um pouco escuro. Delícia caminhar neste horário.  Tenho que me lembrar disso se ou quando for fazer outra caminhadona tipo essa. Meia hora depois, a claridade já era grande mesmo sob as árvores que cobriam a trilha no início.  A lanterna do celular mal chegou a ser usada...



O frescor da manhã e o tempo nublado nos fizeram andar sem muitas paradas e fomos passando os vilarejos quase sem sentir.



Chegamos até que descansadas às 13:00hs. Fomos direto para a Catedral. Não senti aquele nó na garganta e nem o coração querendo sair pela boca como da primeira vez que dei de cara com ela. Mas a emoção estava lá. Acho que nunca saberei explicar. Na verdade nem eu sei porque gosto tanto!
De lá fomos para o Centro de Apoio aos Peregrinos para retirar a Compostela. E de volta a Catedral... e andamos por ali... e comemos ... e fomos a uma agência de viagens. .. só sei que chegamos ao albergue Seminário Menor às 20hs!!!  Estamos mais fortes!
Claro que eu não tenho ainda uma conclusão de tudo que vivi nestes 50 dias. A duríssima Via de la Plata e o final do Caminho Francês com duas estreantes no Caminho de Santiago.  Isso é serviço para quando chegar em casa. Agora é descarregar mochilas, tomar banho, escrever o texto do último dia comer e dormir muitoooooo. Ah! E ficar os próximos 3 dias perambulando por aqui. Amanhã abraçar o Apóstolo,  visitar a tumba, assistir a missa...
Fui!

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Dia 49- Arzua - O Pedrouzo - 19km


Graças a todos os deuses uma noite bem dormida. Ou desmaiada.


E nada de novo nos ensolarados trechos. Os bares superlotados com preços abusivos neste finalzinho. Mas tudo bem! Estamos chegandooooo!

 Pretendemos sair bem cedo para escapar do sol forte na chegada à Santiago. A idéia é ir direto para a Catedral e só depois para o Albergue Seminário Minor, que fica a uns 15 minutos andando.

Animação total por aqui! Jantamos no albergue mesmo e agora é tentar postar o blog em boteco próximo  pq aqui não tem wifi.

terça-feira, 21 de junho de 2016

Dia 48 - Melide - Arzua - 19km


Hoje cansei. Mesmo. E sei exatamente o motivo da minha exaustão.
Um senhorzinho espanhol extremamente  simpático explicou para a Cláudia e para mim toda a configuração de regiões distritos e cidades da Espanha.  Eles não têm estados e na minha cabeça era uma confusão só.  E ainda tem uma galera que é separatista e bla bla blá...
Então.  Este mesmo senhorzinho se transformou em uma sinfônica depois das 22:00 hs. Não era aquele tipo de ronco normal. Depois de peregrinar cerca de 2.000 kilômetros nestes dois anos, não é dormir com 20, 30 ou até 50 pessoas em um albergue que vai me assustar. Mas aquilo foi absurdamente alto!! Janelas tremiam! Ninguém que estava no quarto dormiu o suficiente.  Teve peregrino que tentou dormir no corredor e tudo.



Conclusão : hoje me arrastei os 19km. O sol forte no final, as subidas e descidas nem tão íngremes assim, foram custosas. O emocional começa a cobrar seu preço.
Tudo fica difícil e a saudade de casa começa a bater.



Me lembro de querer prolongar o Caminho.  Hoje só quero chegar. Ainda faltam 2 dias...

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Dia 47 - Ventas de Narón - Melide - 27km


Nha nhaaaai... Pense numa paletada boa!  Pois foi. Começamos caminhando em meio à nuvens e terminamos sob um sol de rachar mamona.




Mais ou menos das 8 até às 16 horas, com paradas e muita tranquilidade para lanche e fotos.




Mesmo assim chegamos muito cansadas ao albergue.  Quando a cidade é maiorzinha, 2 ou 3 km para chegar ao centro antigo onde geralmente se encontram os albergues se torna desgastante.


Mas, nada que a melhor Pulperia do mundo não resolva. Minhas companheiras não são chegadas ao menu do Ezequiel e comeram no albergue. Tomei banho, vesti minha melhor roupa (a outra lavei e coloquei no sol) e parti para o abraço.  Custo do jantar: Porção de polvo (para mim imensa) com vinho da casa à vontade e pão rústico=7€  Meio quilo de cerejas = 1,20€
Voltei bem feliz, cheia de vinho branco, com um saco de cerejas para o albergue. Adoro.



Dia 46 - Portomarin - Vendas de Naron - 13,5 km


E o sol brilhou poderoso! Saímos de Portomarin com muita névoa num cenário de filme. Lá pelas 9 e tantos... quase 10, o céu azul claro se mostrou.  A peregrinagem toda sorria de orelha a orelha.

O trecho foi montanhoso, e por isso fizemos várias paradinhas estratégicas. Funciona que é uma beleza. Chegamos saltitantes à Vendas.
A quantidade de pessoas fazendo o percurso continua aumentando. Agora a gente vê roupas novas supercoloridas, mochilinhas pequenas super estilosas e tênis limpos. E quando passam pequenos grupos, fica um rastro de desodorante e shampoo no ar. Dá uma inveja... rsrsrs
Parece uma multidão indo malhar na academia chique. Brincaderinha!  O Caminho é de todos, e cada um que o faça à sua maneira.



O que me incomoda e muito é a falta de noção dos que chegam fazendo algazarra nos albergues de peregrinos. Mesmo vendo que têm gente dormindo! Ano passado não vi isso por aqui...  Na Via de la Plata é impensável esse tipo de coisa.  Este trecho depois de Portomarin até Santiago está mesmo ficando impraticável.  Pena.
Diminuímos bastante o passo,  e pudemos curtir alguns trechos em deliciosa solidão.
As paisagens continuam um exagero de lindas. Com ou sem os peregrinos high tec coloridos barulhentos e perfumados. Ô boca!



sábado, 18 de junho de 2016

Dia 45 - Sarria - Portomarin - 22 km




O Pai Nosso em alemão deu um susto no pessoal lá de cima. Não de todo, pois um chuvisquinho teimava em aparecer. Mas aquela chuva com vento gelado dos últimos dias já era. O sol brilhou entre nuvens. Um anônimo me recomendou rezar em espanhol por conta do Papa... Vou seguir o conselho para sacramentar logo isso.





A superlotação a partir de Sarria é uma chatice. Não quero reclamar para não parecer uma peregrina velha e rabugenta mas... poxa!  Me tornei uma peregrina velha e rabugenta.







Muitaaa genteee.... Grupos falando alto... fila para tudo. Até para fotografar! Coisa que também já não faço tanto. (Como seria fazer um Caminho pelas montanhas sem fotos? Ou só com uma nas chegadas nas cidades? Hummmmm)
Passei por uns dois peregrinos ouvindo música sem fones de ouvido. Alto! Tá certo. Estou chata mesmo. Nos albergues, uma barulheira sem fim. Falta de respeito e consideração com quem precisa descansar.
O ponto alto do trecho, para mim, foi na última parada em Vilacha.  Um bar daqueles cuidadosamente preparados para receber peregrinos... silencioso, com comidas vegetariana e preço justo. Lindo. Coloquei até como foto da capa do texto de hoje. Me lembrou o espírito peregrino que não vejo há dias. Agradeci com reverências ao proprietário.




Mas... o final se aproxima... e com ele aquela sensação de que falta alguma coisa.  Tipo outro caminho! O Francês já me encantou o que tinha que encantar. Decorei as curvas... As chegadas...  preciso de novas paisagens. E já estou assuntando outras rotas. E tem outras bem interessantes! Ebaaaaaaa!